sexta-feira, 8 de março de 2013

As cartas que o meu pai me há-de escrever. Parte IV – Disrupção

Se eu planto uma árvore, a rego diariamente, lhe corto as folhas e a protejo do vento, vejo na sua maturidade o trabalho que tive. E orgulho-me dela revendo-me em cada ramo mais forte ou mais fraco. Na cor de cada folha e no sabor de cada fruto.
Às tantas não agrada a muitos, mas espelha-me a mim e pronto.

Descobri contigo que afinal essa diferença não me fere. 
Se a "diferença" está na matéria que eu criei, como pode, afinal, ser tão diferente de mim?

Tudo o que eu não compreendia se tornou compreensível e natural através de ti.

"As naturalidades não se discutem!"
Talvez por isso não se fale do assunto.

Nunca pedi uma nora. Não sei o que é isso nem sei se quero descobrir. 
Quero o que tenho sem margem para surpresas. E as mulheres são mais más que os homens.

E nunca disse que querer um neto. Tenho orgulho no meu filho.
E quero que o meu filho seja o que eu quero mais. E não quero querer mais a ninguém.


És tu que mereces ficar com a minha vida quando ela acabar. 
Tu, sobretudo tu, és o sentido de ela começar e acabar.

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