domingo, 28 de junho de 2009

Fado

Até me custa criar um post denominado "Fado". O Fado merece, para mim, muito mais que um post, um blog, cem ou mil palavras.

Diz-se e concordo que, para se gostar disto do fado, não basta saber ouvi-lo ou cantá-lo, é preciso senti-lo. E que isso não é para todos.

Pois que, como se ama o Mar, como se ama a Arte, a Religião e até o Futebol, eu amo o Fado. Porque ele me alimenta e me preenche.
Amália Rodrigues, Jef Aérosol, 2007

"Que culpa tem o destino, deste destino que eu tenho. Se o desgoto é pequenino, eu aumento-lhe o tamanho."

domingo, 21 de junho de 2009

"Ai, que beleza tamanha"

Sabem quem é o jovem da imagem? Não é feio realmente. Mas é assim tão belo que valha a pena morrer de amor por ele?

Pois que Narciso gostava tanto da imagem de si próprio que acabou por morrer a contemplar-se.

Há ainda outra história (não tão mitológica) que conta que o lago sobre o qual Narciso se debruçava ficou desgostoso com a morte daquele. Mas não pela beleza do jovem rapaz. Parece que também o lago se contemplava ao ver o seu reflexo nos olhos de Narciso e perdeu, assim, o seu espelho.

Eco e Narciso (pormenor), John William Waterhouse, 1903

Às vezes penso que não perdia em ser mais narcisista. Mas depois penso: e se todos o formos? Talvez já existam cegos suficientes. Daqueles que estão tão concentrados em si que perdem a beleza de tudo o que os rodeia.

E, mal por mal, já que em terra de cegos quem tem olho é Rei, mais vale continuar a ver.

O longe e o perto

Já ouvi dizer que nenhum quadro é bonito se visto de muito perto.

Parece-me que nos querem atirar areia para os olhos, tentando convencer quem aqui anda que as imperfeições, as falhas, as borbulhas, as rugas, os pelos, a barriga... Enfim, que tudo isto são pequenos pontos que compõem a mais bela obra.

Será? Se assim for, talvez seja melhor começar a andar mais longe de toda a gente. Ou então, a mirar de perto todos aqueles que nos parecem tão belos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Aqui entre nós...

Disse-me uma fadinha que se eu começar a desafiar os meus limites (mesmo que os mais insignificantes) talvez, a pouco e pouco, venha a ser naturalmente mais confiante.

Portanto, com ou sem álcool, vão dar por mim a cada refeição a levantar-me para ir escolher a sobremesa.

Vão, até, dar por mim, por dá cá aquela palha, a meter conversa com estranhos.

Só duvido que me encontrem numa discoteca a curtir à grande sem álcool. Para isso preciso mesmo de Psicanálise.

terça-feira, 16 de junho de 2009

A sobremesa

-"Se não estivesses bêbedo, não te tinhas levantado para ir escolher a sobremesa!"

E não é que é mesmo verdade? Já me conhece bem, realmente. Pelo melhor e pelo pior.

Se eu não estivesse bêbedo, não me tinha levantado da mesa.
Se eu não estivesse bêbedo, não dançava na discoteca.
Se eu não estivesse bêbedo, não falava de tanta coisa.

Bendito álcool.

domingo, 14 de junho de 2009

Cheira bem

Eu, que não sou de depressões, diria (e digo) que há muito que a terra molhada não me cheirava tanto a melancolia, como hoje.

Às tantas é só porque já não chovia há algum tempo.


Edvard Munch. Melancholy. 1891

There was a boy...

...que era o último a ser escolhido nas aulas de Educação Física.

Ser construído de memórias de rejeição e solidão não agoira bom futuro. Mas e se afinal o futuro até for bom?

O futuro, que é agora, até que é bom (pelo menos, melhor do que se esperava) mas como um edifício construído sobre más fundações, um bom presente sobre um mau passado tem pouco de estável.

A ver se descubro como arranjar as fundações depois do prédio construído.