Há cerca de um mês que comecei (ou voltei) a viver esta doença.
A doença do isolamento imposto pelo pânico dos outros.
E este isolamento que sinto é talvez o mesmo que já senti
muitas outras vezes na vida, mas que agora parece mais tangível.
Os isolamentos de que sofri até hoje, ainda que
influenciados pelos outros, materializavam-se essencialmente dentro de mim.
Este materializa-se pelas quatro paredes deste pequeno apartamento e pelo mar
que rodeia esta ilha que já me pareceu ser tão grande.
Mas não sei se este isolamento é diferente dos outros.
Também este começa no medo e no desconhecido. Também este vos faz olhar para o
outro em vez de vos permitir olhar para vós. Faz com que culpem qualquer um,
para que não preciseis de ser responsáveis.
E é o medo, sempre o medo. É o medo que vos faz apontar o
dedo. É o medo que vos faz afastar os outros. É o vosso medo que faz crescer o
meu.
Os estados pelos quais passei este mês não são novos, mas agora
não tenho outro remédio senão enfrentá-los. E no meio deles há uma palavra que nem
consigo trazer facilmente à memória.
Lembrei-me, é “estigma”. É essa a palavra!
Aquilo que tanto me assusta e assola os pesadelos. Mais que a doença
ou a pobreza, sempre foi o estigma. Esse estigma que eu procurei e com quem tenho brincado
ao toca e foge.
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