terça-feira, 2 de abril de 2013

A trepadeira

Era uma vez uma planta trepadeira.

Ora, as trepadeiras, ainda que enraizadas no solo, dependem de um suporte a que se agarrar para nele subirem e crescerem. Assim, mais facilmente podem alcançar a luz do Sol, da qual a sua vida depende.

Mas esta trepadeira tinha uma limitação: não se conseguia manter presa aos suportes que a rodeavam.
Desconhece-se se, de início, o problema terá residido na pobre planta cujos espinhos não teriam força para se manter agarrados ou se, por outro lado, a trepadeira estaria plantada entre superfícies não aderentes.
A planta foi então mudada de sítio. E mudados foram sendo também os suportes que a rodeavam. Mas o fado da triste planta manteve-se. Por muita força com que se agarrasse a uma qualquer superfície, tarde ou cedo voltava a cair no chão, andando por ali arrastada pelo vento durante algum tempo.
A pouco e pouco foram sendo mais esforçadas as investidas da nossa planta em prender-se. E cada vez menos eficazes.
A trepadeira perdeu força. A trepadeira perdeu saúde. E perdeu vontade.

Até que um dia, quando uma árvore saudável ali foi colocada, tudo e todos indicavam “é desta”.
Mas a trepadeira não chegou lá: àqueles ramos tão próximos, tão disponíveis e compatíveis.
Sabia (ou acreditava) que não conseguia e portanto não tentou.

P.S.: Nada percebo de botânica. E a trepadeira que tinha na varanda já morreu.

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